Ciência
24/09/2019 às 10:30•2 min de leitura
Um grande desafio da ciência na área de próteses e recuperação de sensação de movimentos é a questão do desenvolvimento de mecanismos capazes de "devolver" o corpo ao cidadão amputado. Seja por questão da busca pela confiança em reconquistar a autonomia física e diminuir suas limitações ou pela questão psicológica, envolvendo o tratamento da auto-estima do paciente, o aparelho prostético torna-se recurso essencial para a ressocialização do indivíduo desmembrado, apesar de seus custos pouco acessíveis à boa parte dos necessitados de atendimento.
Pensando em todo esse contexto físico, social e psicológico, a companhia Össur desenvolveu um novo mecanismo prostético baseado no reconhecimento dos sinais neurais do corpo, que se comunicam via Bluetooth com eletrodos formulados por cientistas da Universidade de Freiburg. Dessa maneira, os algoritmos convertem a conexão em sinais nervosos contínuos, que, através da comunicação entre nervos e prótese criam a sensação de tato de pés e joelhos. “O objetivo da cirurgia foi introduzir eletrodos nos locais corretos dentros do nervo para permitir a restauração de respostas sensoriais parecidas com as reais, e permitir a estabilidade dos eletrodos", comentou Marko Bumbasirevic, clínico responsável pela implantação dos eletrodos.
Focada na sensibilidade das pernas, a prótese chegou a ser utilizada em dois pacientes em uma série de testes, ajudando-os a se mover mais rapidamente e com menos desgaste físico, como se os movimentos se aproximassem de uma naturalidade, ao invés de simples força para "empurrar" as pernas.
Apesar das dores sentidas pela conexão da prótese e nervos, os pacientes relatam não sentirem "dores fantasmas", ou seja, dores deslocalizadas de uma sensação real, deixando a equipe de pesquisa e análise, de certa forma, bastante otimista, mas ainda longe de terminar as práticas com voluntários para chegar a conclusões definitivas sobre o funcionamento de seus equipemantos.
"Esse estudo de prova de conceito mostra quão benéfico é, para a saúde dos amputados, ter uma prótese que funciona com implantes neurais para recuperar a resposta sensorial.", afirma Stanisa Raspopovic, professor do Instituto de Robótica e Sistemas Inteligentes de Zurich.
A companhia SensArs, juntamente com os pesquisadores da EPFL, Escola Sant'Anna de Estudos Avançados em Pisa, Universidade de Montpellier e a companhia mBrainTrain também estão contribuindo com o projeto, que está sem previsão de chegada ao mercado.