Ciência
04/03/2021 às 05:29•2 min de leitura
Morreu ontem (03), em um hospital do Recife, a médica veterinária Priscyla Andrade de 31 anos, vítima da síndrome de Haff, um conjunto de sintomas conhecidos popularmente com “doença da urina preta”, cuja causa é a ingestão de peixe contaminado com uma toxina biológica que compromete músculos, rins e outros órgãos.
Priscyla havia sido internada junto com a irmã Flávia Andrade, também acometida da doença, no Real Hospital Português no dia 18 de fevereiro, após passarem mal depois de comer peixe da espécie arabaiana em um almoço de família. Embora tenha desenvolvido os mesmos sintomas, Flávia teve alta no dia 24.
Já dentro da UTI do hospital, a veterinária usou as redes sociais para publicar uma mensagem nos stories do Instagram no dia 24: "Ainda estou na UTI e temos muito que recuperar: função hepática renal, respiratória e motora. Vou sair dessa". No entanto, seu estado se agravou na terça-feira (2), e ela foi a óbito no outro dia.
Fonte: Imirante/Reprodução
Considerada raríssima pelos especialistas, a síndrome de Haff tem como causa uma toxina biológica de algas ingeridas por peixes. A substância causa a ruptura de células musculares, causando rigidez nos músculos e tórax. Ela pode também resultar em falta de ar e mudança na cor da urina para uma tonalidade escura.
O médico infectologista Fernando Maia explicou ao portal Uol que a mudança da coloração da urina se deve a uma “lesão renal importante”, ressaltando que em alguns pacientes a lesão é tão grave, que eles passam a necessitar de diálise. Ele alertou que, como não é possível saber se o pescado está contaminado ou não, as populações de Pernambuco e Alagoas devem se abster de consumir peixe neste período.
Conforme Maia, que é também professor de biologia na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a toxina é pouco conhecida, mas o que se supõe é que ela entre na cadeia alimentar através da ingestão de peixes que filtram as microalgas que produzem a toxina. E exemplificou: uma sardinha se alimenta da alga e depois é comida por um chicarro, que depois é consumido pelo arabaiana.