Estilo de vida
04/10/2021 às 02:00•2 min de leitura
Entre as características mais comuns encontradas em indivíduos com o transtorno do espectro autista (TEA) estão as dificuldades nas interações sociais e os problemas na comunicação. Por isso, o TEA é um distúrbio muito difícil de ser diagnosticado antes dos 5 anos.
(Fonte: Cheryl Holt/Pixabay/Reprodução)
Mas, de acordo com uma nova pesquisa conduzida pela Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, a maneira como os bebês olham para os objetos pode ajudar a prever se desenvolverão autismo no futuro. Segundo o estudo, a “inspeção visual incomum” observada em recém-nascidos constitui um forte indicador de que essas crianças desenvolveriam TEA em algum momento durante a infância.
A chamada inspeção visual incomum consiste em uma série de comportamentos e características específicas sobre como os bebês examinam objetos e pessoas visualmente. Elas incluem, por exemplo:
Vale observar que, já na primeira semana de vida, os recém-nascidos tendem a dar uma atenção especial aos olhos dos outros, algo que vai se intensificando com o passar dos meses. Por isso, os comportamentos citados são chamados de incomuns, uma vez que apontam para o oposto, para uma espécie de desinteresse ou forma pouco convencional de analisar as coisas.
De fato, a ciência já tinha conhecimento de que, no caso das crianças com autismo, o contato visual diminuído e extremamente diferenciado era uma marca do TEA para toda a vida.
(Fonte: Pexels/Pixabay/Reprodução)
No entanto, o que a pesquisa da Universidade da Califórnia demonstrou é que a exploração ou inspeção visual incomum de objetos, já durante os primeiros meses de vida, pode ser um novo sinal a ser considerado para a triagem e o diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista.
Para Meghan Miller, professora associada do Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comportamento e integrante do Davis MIND Institute, a principal autora do estudo, os resultados observados nos bebês de 9 meses “sugerem que a inspeção visual incomum de objetos pode preceder o desenvolvimento dos sintomas sociais característicos do TEA”.
Foram avaliados 147 recém-nascidos, sendo que 89 deles pertenciam ao grupo de alto risco, ou seja, seus irmãos mais velhos têm TEA.
Crianças com transtorno do espectro autista, muitas vezes, apresentam grandes dificuldades em seguir um currículo escolar padrão. Com isso, o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades são prejudicados.
(Fonte: lascot studio/Pexels/Reprodução)
Todavia, pesquisas como a realizada pela professora Meghan Miller e por sua equipe, trazem a esperança de ser possível diagnosticar o TEA mais cedo (entre 0 e 3 anos), de maneira que os atrasos no desenvolvimento dessas crianças possam ser compensados.
Isso significa a chance de mudar completamente suas trajetórias com intervenções comportamentais e outras ações que lhes permitam adquirir habilidades e, até mesmo, frequentar uma escola regular e integrar grupos sociais sem grandes dificuldades.