Bryan Johnson e a dieta de US$ 2 milhões para reversão de idade

Estar vivo significa envelhecer a todo o momento. O processo está acontecendo a cada microssegundo nas células que, quanto mais se dividem, multiplicam e realizam funções biológicas básicas —, mais velhas ficam. Desse modo, ao perderem a capacidade de funcionar de maneira adequada, impulsionam o corpo ao dano celular. É por volta dos 25 anos que os primeiros sinais da velhice ficam aparentes na superfície da pele, com linhas finas sendo as primeiras a surgirem. As rugas, perda de volume e elasticidade, no entanto, se tornam perceptíveis com o avançar do tempo.

Desde os tempos antigos que as civilizações se preocupam com o fantasma que é a velhice. Contudo, o passar dos séculos piorou isso com estigmas, exclusão social e uma pitada econômica. Não é para menos que a indústria estética é uma das mais rentáveis do mundo, sendo que só em 2022 faturou liquidamente mais de US$ 200 bilhões no mundo.

(Fonte: National Geographic/Reprodução)

Não é de hoje que a sociedade passou de todos os limites com relação à idade e a aparência, chegando a ingerir ou passar substâncias nocivas na pele na esperança de alcançar uma falsa perfeição proporcionada pelo retoque estético e, assim, retardar o avanço da idade.

Enquanto há anos os cientistas buscam formas de combater, desacelerar e até impedir o envelhecimento dos seres humanos, Bryan Johnson criou uma dieta para reverter a idade.

Um problema social

(Fonte: Independence Daily/Reprodução)

Como se ingerir pílulas radioativas para tentar amenizar linhas de expressão e flacidez não fosse o suficiente, as loucuras para isso ainda persistem no século XXI, porém, por meio de uma alternativa ainda mais problemática: as dietas.

De acordo com um relatório do Centro de Controle de Doenças (CDC), 17% dos norte-americanos alegaram fazer alguma dieta durante o período da pesquisa, entre 2017 e 2018, em comparação aos 14% da década anterior.

Atualmente, nos Estados Unidos, cerca de 670 mil pessoas morrem a cada ano devido a doenças relacionadas a uma dieta não saudável, segundo dados do Centro de Ciência para o Público.

(Fonte: Gen-Zine/Reprodução)

O século XIX ficou marcado como um dos períodos em que dietas duvidosas ganharam o gosto da sociedade, despertando uma tendência mundial que persiste até hoje — em um mundo em que ser magro ainda é considerado sinônimo de beleza ideal e saúde.

Bryan Johnson é considerado o pior dos dois mundos que corrói as pessoas diariamente. O gênio da tecnologia do Vale do Silício colocou seu foco científico em reverter sua idade biológica, o que tem feito com um orçamento de "apenas" US$ 2 milhões por ano.

Os norte-americanos gastam mais de US$ 66 bilhões por ano em produtos e programas de perda de peso, comprando desde pílulas dietéticas a planos de refeição que prometem milagres em pouco tempo. A maioria dessas pessoas que gastam são de classe média ou classe média baixa.

Uma mentira bem contada?

(Fonte: Generation Iron/Reprodução)

Aos 48 anos, Johnson alega que sua idade biológica é cerca de 5 anos mais jovem, que ele tem o coração de um homem de 37 anos, a pele de um jovem de 28 anos, e a capacidade pulmonar de um adolescente de 18 anos. Para complementar, segundo seus médicos, a cada ano civil, ele envelhece apenas 9 meses. O objetivo de Johnson é ter a idade biológica de 18 anos.

Essa alegação concordaria com os inúmeros exames que o homem faz rotineiramente, incluindo colonoscopias, ressonância magnética e exames de sangue. Segundo Johnson, seria possível as pessoas alcançarem esse patamar se investissem em sua dieta de reversão de idade milionária.

Essa ideia constitui o mundo do biohacking, uma estratégia de ir contra a própria biologia por meio de fórmulas, técnicas, aplicativos, alimentos e suplementos que vão, supostamente, surpreender o organismo humano.

(Fonte: Blueprint/Reprodução)

A pessoa que deseja investir nessa "fonte da juventude tecnológica", precisará fazer um investimento de quase 17 mil euros, uma média de 322 euros por semana, para dar conta da dieta de reversão de idade elaborada pelo “gênio”. O método é chamado The Blueprint e consiste em 3 etapas: dieta, exercícios intensos e testagem. A dieta é de 1.976 calorias veganas em apenas uma refeição diária, acompanhada por um "prato" com mais de 24 suplementos ao dia, entre multivitamínicos, vitamina D3 e creatina.

Nessa jornada, que também inclui uma busca para se apossar dos mecanismos da natureza e descobrir o segredo da juventude, Johnson é acompanhado por uma equipe de 30 médicos que monitoram todas suas atividades corporais enquanto se empenham em achar a rotina que melhor contribua para a reversão do envelhecimento de todos os seus órgãos.

Apesar de todo esse estudo feito pela equipe de Johnson, cientificamente, há pouca ou nenhuma evidência de que uma dieta, exercícios e cosméticos possam reverter o envelhecimento.