Artes/cultura
14/01/2023 às 09:00•2 min de leitura
Por muito tempo, especialistas acreditavam que o celacanto já não povoasse as águas dos oceanos. Em teoria, o fascinante peixe fora extinto no período Cretáceo Superior, mais de 65 milhões de anos atrás.
Sim, "em teoria". Afinal, décadas atrás, um espécime foi encontrado vivo por um pescador e entregue à dedicada curadoria do Museu de East London, na África do Sul, dando então início a uma verdadeira saga para identificar a curiosa criatura.
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(Fonte: Wikimedia Commons)
Tudo começou em dezembro de 1938. Na manhã do dia 22, o Capitão Hendrik Goosen se deparou com um achado inesperado. Anteriormente, ele e a funcionária do museu tinham feito um acordo: caso encontrasse algo "diferente", o Capitão alertaria a especialista.
Goosen então fez uma ligação para Marjorie Courtenay-Latimer, a curadora do Museu de East London, avisando ter encontrado algo que provavelmente seria de seu interesse. Algo que ele, mesmo sendo um veterano dos mares, não conseguiu identificar. Obviamente isto chamou bastante a atenção da oficial, que rapidamente seguiu em direção às docas. Chegando no local, Courtenay-Latimer se deparou com o que ela descreveu como um ser tão bonito que mais parecia "um belo ornamento chinês."
Segundo seu próprio relato, ela afastou uma camada de lodo que cobria a criatura, revelando então "o peixe mais bonito que já vi na vida." A curadora detalhou que o ser era de um tom azulado, com algumas manchinhas esbranquiçadas, e que tinha um brilho iridescente — ou seja, brilhava nas cores do arco-íris, como um CD. O peixe estava "coberto por escamas duras", tinha quatro nadadeiras parecidas com membros e "uma estranha cauda, como a de um filhotinho de cachorro."
Marjorie Courtenay-Latimer ao lado do celacanto. (Fonte: Wikimedia Commons)
Acreditando estar frente a um achado importante, Courtenay-Latimer tentou entrar em contato com o especialista James Smith, da Universidade Rhodes, mas não obteve sucesso. Ela então fez um rascunho da criatura e enviou pelo correio para o colega. Preocupada que o peixe viesse a apodrecer, a curadora buscou formas de preservar a criatura até que Smith pudesse vê-la, finalmente optando por envolver o peixão de 1,5 metro de comprimento em uma solução de formaldeído.
Enquanto isso, seu chefe no museu parecia bem desinteressado na criatura, afirmando que ela estava perdendo tempo na inesperada empreitada. No fim das contas, ele não poderia estar mais errado: no dia 3 de janeiro, James Smith retornou de suas férias e recebeu o rascunho da colega, ficando bastante animado. O especialista da Universidade Rhodes imediatamente lembrou do celacanto, que até então acreditava-se estar extinto.
No mês seguinte, Smith finalmente pôde ir até East London e ver a criatura de perto, confirmando realmente se tratar de uma espécie de celacanto, que foi apelidado como "fóssil vivo". O especialista batizou a espécie como Latimeria chalumnae em homenagem a Marjorie Courtenay-Latimer.