Jeppson’s Malört: 'pior bebida do mundo' é um sucesso em Chicago

08/03/2021 às 11:002 min de leitura

Um dos símbolos da cultura de bares em Chicago é um licor de origem curiosa e uma reputação controversa: ao mesmo tempo em que é valorizada como tradição, ela tem um gosto extremamente amargo, é parente de um conhecido destilado e possui efeitos digestivos medicinais variados.

Trata-se da Jeppson's Malort, uma bebida alcoólica feita a base de ervas que é moda não só na região norte-americana, mas também em vídeos no YouTube que mostram as mais diversas reações de quem prova uma dose pela primeira vez.

Origem europeia

Na verdade, apesar da fama em Chicago, o Jeppson's Malört nasceu em outro continente. Trata-se de um licor tradicional da Suécia, chamado de bäskbrännvin.

A bebida nasceu na Europa, mas virou tradição nos EUA.A bebida nasceu na Europa, mas virou tradição nos EUA.

O termo é usado para bebidas alcoólicas feitas a partir de uma combinação de ervas, caracterizadas pelo sabor amargo. Só que o segredo está na principal planta utilizada neste caso: o "malört" do nome refere-se à Artemisia absinthium, mesma base utilizada na fabricação do absinto.

"Ninguém beberia isso"

O licor foi levado para os Estados Unidos na década de 1920 pelo imigrante Carl Jeppson, que começou a comercializar garrafas do licor na região de Chicago. O problema? Esse era o período da Lei Seca no país, que proibia a fabricação e a venda de álcool sob pesada fiscalização policial.

O licor "medicinal" vendido durante a Lei Seca.O licor "medicinal" vendido durante a Lei Seca.

Carl usou então a própria má fama do produto ao seu favor. Segundo a empresa responsável pela fabricação do licor até hoje, a garrafa era vendida como um produto medicinal, para ajudar na digestão de comidas altamente gordurosas ou para eliminar parasitas do corpo — efeitos verdadeiros das ervas utilizadas em sua composição.

Reza a lenda que a fiscalização chegou a apreender o Jeppson's Malort, mas não impediu a sua venda por concluir que "ninguém beberia isso de forma recreativa".

Boa ou ruim?

A Jeppson’s Malört foi transformada de produto caseiro a um rótulo industrial em 1930, com a embalagem ganhando a bandeira de Chicago como ilustração. Uma destilaria chamada Mar-Salle Distillery assumiu a fabricação em 1953, mas fechou em 1986, passando a marca para outros donos posteriormente.

A fama na internet a partir da década de 2010 ajudou a reviver a bebida: tida como "só para os fortes", ela virou tema de vídeos no YouTube e em outras redes sociais.

São comuns as compilações de pessoas provando o licor de absinto pela primeira vez, tentando descrever o gosto amargo e sentindo os efeitos da bebida no corpo.

A produção chegou a ser levada para a Flórida em um período de baixa da empresa, mas retornou à "terra-natal" de Chicago em 2019. Hoje, ela é vista como um ícone cultural local no estilo "ame ou odeie", mas com forte identificação na comunidade.

Atualmente pertencente à CH Distillery, a Jeppson's Malort é vendida a US$ 18,99 (cerca de R$ 108 em conversão direta de moeda) na garrafa de 750 ml.

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