Artes/cultura
19/02/2023 às 06:00•2 min de leitura
Por mais que ainda seja bastante comum ver pessoas fumando, cigarros fazem bastante mal à saúde, podendo causar doenças cardiovasculares, respiratórias e até câncer. O problema é que, uma vez que a pessoa fica viciada na nicotina, parar de fumar pode ser uma tarefa bem difícil.
A boa notícia é que cientistas podem ter descoberto um inesperado aliado para aqueles que querem deixar de fumar: os xaropes para tosse.
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Um novo estudo encabeçado por dois especialistas da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sugere que xaropes para a tosse podem ajudar fumantes a largar o cigarro.
Utilizando tecnologias de ponta associadas ao aprendizado de máquinas, Dajiang Liu, professor de ciências de saúde pública, bioquímica e biologia; e Bibo Jiang, professor assistente de ciências de saúde pública, analisaram dados genéticos de 1,3 milhões de pessoas e identificaram mais de 400 genes relacionados ao hábito de fumar.
Embora seja comum pessoas começarem a fumar por influência de terceiros, fatores genéticos podem ter papel crucial na decisão de começar ou largar o nocivo hábito de fumar tabaco, além de poderem aumentar o risco do vício em nicotina. E já que uma única pessoa pode ter milhares de genes, os cientistas precisaram analisar os dados para determinar quais deles podem ser relacionados ao vício em cigarros.
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Analisando os dados genéticos, Liu, Jiang e seu time de pesquisadores precisaram determinar o papel de cada gene no surgimento do hábito de fumar e no vício em tabaco. Alguns foram simples de entender, como os que facilitam a produção de receptores de nicotina ou de dopamina (um neurotransmissor que causa a sensação de felicidade e relaxamento). Já outros foram um pouco mais complexos, com os cientistas precisando determinar o papel de cada gene na criação de vias biológicas com potencial para influenciar no vício.
Uma vez identificados, os pesquisadores começaram então a verificar quais medicamentos existentes no mercado atuam modificando esses caminhos biológicos — como aqueles que facilitam o surgimento de receptores de nicotina.
O estudo, publicado no periódico Nature Genetics, resultou na identificação de pelo menos oito medicamentos que podem ser usados no tratamento do vício em nicotina. Um deles, o dextrometorfano, é comumente usado em remédios que combatem a tosse causada por gripes e resfriados. Já a galantamina é utilizada em medicamentos utilizados no tratamento da doença de Alzheimer.
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Segundo o professor Dajiang Liu, reutilizar os mesmos remédios para fins distintos "pode poupar dinheiro, tempo e recursos." Ele revelou ainda que alguns dos medicamentos identificados em seu estudo já estão tendo sua habilidade em ajudar fumantes a largar o cigarro testada em laboratório e que "há outros possíveis candidatos que podem ser explorados em pesquisas futuras."
Já o professor Bibo Jiang explicou que o estudo deve ajudar a aprimorar a capacidade de identificar indivíduos predispostos geneticamente ao vício em substâncias, "determinando as potenciais vias biológicas" que podem ser focadas para aumentar a eficiência dos tratamentos.