Ciência
21/06/2022 às 12:00•2 min de leitura
Para o homem, apenas a ideia de retirar um ou ambos os testículos já é algo aterrador. No entanto, o procedimento para remover essa parte do corpo masculino pode ser necessária por diversos fatores — os mais comuns envolvem questões de saúde.
Nos animais, a castração também é amplamente praticada e, nesse caso, até incentivada para evitar procriação indiscriminada. Mas será que os homens e os animais sentem os mesmos efeitos ou consequências após a retirada dos testículos?
Se por algum motivo for preciso retirar apenas um testículo, normalmente, a função sexual do homem não é prejudicada. O testículo que permanece consegue produzir esperma e testosterona o suficiente para que ele possa manter suas funções sexuais e fertilidade.
Mas se antes do procedimento os níveis de testosterona já eram baixos, é bem provável que fique ainda menor após a cirurgia, sendo que alguns dos homens desse grupo podem precisar passar por terapia de reposição de testosterona.
(Fonte: Shutterstock)
Já quando ambos os testículos são removidos a situação fica mais complicada. Sem os testículos, o corpo masculino se torna incapaz de produzir testosterona. Os sintomas mais recorrentes nesse caso envolvem dificuldades de ereção e perda do interesse em atividades sexuais. Geralmente, homens que retiram ambos os testículos precisam de reposição de testosterona.
Além disso, sem os testículos eles não conseguem mais produzir espermatozoides. Ou seja, nunca mais poderão ter filhos biológicos do jeito tradicional.
No entanto, muitos homens que precisam passar por uma cirurgia desse tipo optam por armazenar seu esperma antes do procedimento. Como os espermatozoides permanecem congelados é possível ter filhos biológicos no futuro graças a possibilidade da fertilização in vitro.
A remoção cirúrgica dos testículos de um animal tem objetivos específicos. E, claro, o bicho sente praticamente as mesmas consequências negativas observadas em um homem. Ou seja, como a fonte primária de testosterona foi retirada, ele começa a apresentar mudanças no desejo sexual e nos comportamentos relacionados ao hormônio.
(Fonte: Shutterstock)
Por outro lado, quando a castração é feita no momento certo, é possível proteger o animal contra alguns problemas de saúde, como tumores do períneo relacionados a hormônios, aumento da próstata e câncer testicular.
Teoricamente, castrar o animal reduz seus instintos de marcação de território. Por exemplo, um cão pode ter menos vontade de entrar em confronto com outros cachorros ou ficar menos agressivo.
Contudo, o procedimento pode levar o animal à letargia, a desenvolver um quadro de obesidade e a envelhecer precocemente.
Os seres humanos já castraram uns aos outros pelas mais variadas razões: punição, expiação, eliminação dos rivais, ritos de passagem ou simplesmente para obter autodisciplina.
Os primeiros cristãos se castravam para provar sua devoção. Nos séculos XI e XII, os normandos castravam os inimigos para afirmar seu domínio.
No século XVI, milhares de garotos italianos foram castrados para conseguirem cantar com voz alta e fina por toda a vida. Isso começou depois que o Papa Inocêncio XI, em 1686, proibiu as mulheres de cantar na igreja.
No século XVIII a seita russa Skoptsy, de cristãos ortodoxos, também praticavam a castração. Seu líder, André Ivanov, castrou a si mesmo e 13 discípulos em 1757. Foi preso e enviado à Sibéria. Mas mesmo após sua morte seus seguidores mantiveram o culto à castração.