Artes/cultura
10/11/2022 às 09:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram uma forma inovadora para realizar o tratamento de feridas: utilizando a pele da tilápia-do-nilo, uma espécie de peixe encontrada em abundância na costa do litoral brasileiro, principalmente na região nordeste.
A aplicação clínica da tilápia passou por uma série de experimentos antes de ter a sua eficácia comprovada, tendo sido fruto de uma ideia que surgiu em 2011, mas que só foi colocada em prática três anos depois. A investigação acerca dos seus benefícios promoveu o tratamento de uma série de pacientes que apresentavam queimaduras de segundo e terceiro grau e chamando a atenção por seu alto poder curativo.
Com o passar do tempo, outros usos da aplicação da pele de tilápia na pele se tornaram conhecidos, incluindo o tratamento de feridas, em cirurgias plásticas, ginecológicas e na medicina regenerativa, o que rendeu diversos prêmios para a pesquisa.
(Fonte: UFC/Reprodução)
As vantagens do uso da pele da tilápia são várias: rica em colágeno, ela apresenta propriedades que atuam na rápida regeneração da pele. Além disso, enquanto os medicamentos utilizados para o tratamento de queimaduras eram armazenados sob baixas temperaturas, a pele de tilápia pode ser mantida em temperatura ambiente, reduzindo substancialmente os custos de tratamento e tornando esse método mais acessível.
Quando há uma queimadura, o tratamento pode se mostrar incômodo, uma vez que é necessário realizar a troca dos curativos constantemente para evitar que ocorra infecção. Com a tilápia, o tempo de tratamento é reduzido e é possível utilizar a tira por mais tempo na pele, reduzindo também o uso de material hospitalar.
(Fonte: Pexels)
Para ser utilizada, ela passa por um processo de desidratação, sendo embalada a vácuo e esterilizada em seguida, removendo o odor característico do peixe. O material biológico também possui outra vantagem importante.
Por ser proveniente de peixes de água doce, a pele de tilápia não apresenta vírus ou bactérias que ofereçam risco aos humanos. Mas a fim de garantir maior segurança, a pele de tilápia também passa por testes clínicos antes do uso.
Na ginecologia, a pele de tilápia já foi utilizada para a reconstrução vaginal em pacientes com câncer de vagina, além de enfermos que portavam a síndrome de Rokitansky. Na cirurgia plástica, ela também apresenta resultados no pós-operatório.
O uso veterinário também já permite a atuação no tratamento em cães. Ou seja, hoje, a expectativa de sobre outras formas de uso não apenas se mostram concretizada com o desenvolvimento de diferentes formas de aplicação, como também permanece norteando a realização de outros estudos.