Estilo de vida
01/07/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 01/07/2024 às 12:00
Talvez você tenha notado, mas algumas pessoas costumam apreciar comidas bem picantes, como as que contêm muita pimenta, bem mais do que outras. E está tudo bem não curtir esse tipo de tempero.
Mas pode ser que você tenha vontade de aumentar as possibilidades gastronômicas sem ter que sofrer ou suar na hora de consumir aquele prato bem apimentado. A boa notícia é que tem como fazer isso de uma forma relativamente simples.
O principal responsável por aquela sensação de queimadura presente na pimenta é um composto químico chamado capsaicina. De modo geral, ele é irritante para os mamíferos, incluindo os humanos, e produz uma sensação de queimadura quando entra em contato com qualquer tecido do corpo – o que envolve a língua.
Quando a capsaicina se liga aos receptores de dor em nossa língua (os canais TRP), ela gera a sensação de queimação. Certas substâncias ativam esses canais, como a pimenta, o cravo, o tomilho, a hortelã, entre vários outros.
Na pimenta, o lugar que mais concentra a capsaicina é a pequena parte branca que fica presa na polpa interna do fruto. Quanto mais capsaicina ela concentrar ali, mais forte será a sensação de queimadura e formigamento provocada por ela.
Ocorre que algumas pessoas podem ter algumas alterações genéticas nesses receptores, sobretudo no TRPV1, que é o ativado pela pimenta.
Quando consumimos capsaicina, ela se liga aos receptores de dor em nossa língua (mais especificamente, o receptor TRPV1), criando aquela famosa sensação de queimação. Mas acontece que a resposta a essa substância varia muito de pessoa a pessoa.
O primeiro fator a alterar essa capacidade é uma possível mutação genética na captação do TRPV1. Dependendo dessa modificação, alguém pode sentir de modo mais intenso o sabor picante, levando a uma sensibilidade maior. Por outro lado, as pessoas com menos receptores captadores da capsaicina estão menos propensas a experimentar a queimação.
Mas há outro fator importante aqui, que é o cultural. "Nossa tolerância a alimentos picantes vem de uma mistura de natureza e criação. A pimenta-malagueta tende a crescer melhor em climas quentes como a Índia e levantou-se a hipótese de que o aumento da tolerância que as pessoas que vivem nestes climas tendem a ter poderia ser em parte devido ao aumento da exposição numa idade muito mais jovem", explica a professora Qian Yang, especialista em ciência do sabor na Universidade de Nottingham, em entrevista à BBC.
Isso leva à questão do desenvolvimento de uma tolerância maior, que tem a ver com o consumo frequente desses tempero desde criança. E há também o fato que o sabor apimentado é associado a certos valores. "No México, o consumo de pimenta-malagueta está ligado à força, à ousadia e aos traços de personalidade masculina", pontua Yang. Por conta disso, em certos países, as pessoas se tornariam mais tolerantes ao serem estimuladas a consumir essas comidas desde pequenas.
Ou seja: caso você queira aumentar a sua tolerância aos sabores picantes, pode tentar dessensibilizar o paladar por meio de uma exposição lenta e gradual a esses temperos. Uma sugestão é introduzir no cardápio pimentas com baixo teor de capsaicina (as mais suaves) e ir aumentando aos poucos.
Outra dica dada pelos especialistas é que quando você sentir a língua queimando com a pimenta, não corra para tomar um copo d'água, que vai espalhar a sensação ruim na boca toda. A dica é optar pelos laticínios, como o leite e o iogurte, pois as caseínas do leite decompõem a capsaicina mais rapidamente.